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Pouco antes de começar um negócio, meu plano de carreira era basicamente: ganhar experiência de mercado, um dia eu teria uma ideia viável de negócio e começaria a empreender em cima daquela ideia. Daí, em uma aula sobre empreendedorismo tive uma ideia que achei muito interessante e fui conversar com o professor:

– Professor, tive uma ideia. Queria que o senhor avaliasse se ela é viável ou não.

Eis que ele respondeu, do alto de seus mais de 40 anos de experiência empreendedora, tendo começado mais de 10 empresas:

– Millor, não existe ideia viável ou inviável. Andando daqui até a estação de metrô te garanto que você pode ter pelo menos 10 ideias que podem dar origem a um negócio viável. Entre o conceito inicial e uma empresa lucrativa existem tantas variáveis e decisões a serem tomadas que é simplesmente impossível dizer se uma ideia é viável ou não.

Percebendo minha cara de quem havia sido invadido por uma quebra incrível de paradigma sobre empreendedorismo, ele continuou:

– Na prática, existem muitas variáveis que vão determinar o sucesso de um empreendimento, não há como planejar todas elas antes de colocar de fato a mão na massa. Ideias podem mudar, isso é normal no mundo dos negócios. Muitas empresas começaram com um plano e depois viram que era melhor seguir por outro caminho. Por isso, o que mais importa nesse momento de concepção do negócio é: o quanto você tem paixão pelo seu projeto?

– Como assim professor?

– Um ponto que você verá na sua jornada empreendedora é que, na verdade, poucas coisas estão sob seu controle. O mercado muda a toda hora, sua ideia inicial de produto pode se transformar em um fracasso de vendas, uma mudança de fornecedor pode ter um grande impacto no seu produto, um sócio pode decidir sair do negócio por motivos pessoais e por aí vai. Se você tiver paixão pelo que está fazendo, você dará um jeito de enfrentar cada um desses obstáculos. Sem isso, dificilmente você conseguirá sobreviver às primeiras barreiras que aparecerem.

– Então, o senhor quer dizer que uma ideia ruim pode ser transformar em um negócio bom e uma ideia boa não garantirá o meu sucesso?

– Exatamente. Apenas escolha uma ideia que te instigue, se aprofunde o máximo possível em aprender o que mercado acha dessa ideia e saia do lugar.

Acabando essa conversa, mandei um e-mail para um dos meus atuais sócios contando da ideia que tive naquele momento e após algumas conversas decidimos começar o que é hoje a nossa empresa. Cinco anos depois, o formato daquela ideia inicial mudou bastante e muita coisa aconteceu, servindo apenas para confirmar uma coisa: o professor estava certo.

Por Millor Machado, sócio-fundador da rede social Empreendemia.

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