Quando pretendem abrir uma empresa, ou dar qualquer outro passo importante no campo profissional, é comum as pessoas manterem os planos em segredo, sem compartilhá-los sequer com os mais próximos.
O consultor José Dornelas, no livro “Seja Dono do Próprio Nariz”, argumenta que isso se justifica apenas quando o plano envolve alguma inovação substancial, como um produto novo, que pode ser alvo de um concorrente.
“Na maioria dos casos, porém, não há por que o exagero em manter segredos”, escreve. “É muito importante o empreendedor trocar ideias com as pessoas mais próximas, nas quais ele confia, para que tenha uma validação do que está pensando em criar.” Além disso, a prudência manda que, antes de pôr uma empresa para funcionar, o empreendedor se baseie em pesquisas de mercado e testes de consumo, coisas que são impossíveis de fazer sem revelar o projeto.
Tudo isso faz sentido, mas parece haver nas pessoas uma resistência arraigada em manter o segredo, como se fosse uma espécie de superstição. Uma possível explicação se encontra num post no site da revista da escola de negócios do Massachusetts Institute of Technology, a “MIT Sloan Review”.
No texto, a editora Leslie Brokaw relata as conclusões de uma pesquisa realizada por um psicólogo da New York University, Peter Gollwitzer. Segundo ele, quem fala sobre seus planos a outras pessoas corre o risco de criar “uma sensação prematura de completude”, o que enfraqueceria a motivação de execução.
A conclusão contraria uma ideia aparentemente mais sensata, a de que compartilhar planos cria, perante quem ouve, um compromisso em realizá-los. Gollwitzer, no entanto, constatou que alunos do curso de direito da NYU que fizeram promessas públicas de estudar mais “na realidade pararam de estudar antes do que os colegas que mantiveram suas decisões em sigilo”. A explicação é que “compartilhar objetivos frequentemente nos leva a já ficar satisfeitos apenas por termos tomado a resolução”.
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