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O Fundo Monetário Internacional (FMI) mostrou preocupação com o risco de emergência de novas bolhas imobiliárias, como ocorreu nos Estados Unidos na década passada.

“A era de ‘negligência benigna’ com a disparada dos preços dos imóveis acabou”, escreveu o diretor-adjunto do FMI Min Zhu, em texto publicado nesta quarta-feira (11) no site da instituição.“O estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos foi seguido da maior crise global desde a Grande Depressão.”

Os dados do FMI apontam que, em 2013, o preço dos imóveis subiu em 33 de 51 países analisados. O Global House Price Index, indicador usado pelo fundo para monitorar o mercado imobiliário, está em elevação há sete trimestres consecutivos.

Em alguns casos, a alta significa uma recuperação após a crise financeira iniciada em 2008. Em outros, entretanto, os preços continuaram em elevação mesmo durante esse período.

Segundo Min, a relação entre o preço dos imóveis em comparação aos aluguéis e à renda das pessoas – que pode indicar riscos no mercado imobiliário – está acima da média na maioria dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Para evitar que essa alta resulte em um novo estouro de bolha, o diretor-adjunto do FMI defende a adoção de medidas como o controle da razão entre o valor do imóvel e o valor do financiamento conhecido como loan to value (LTV), ou razão empréstimo/valor e do endividamento dos consumidores.

Além disso, diz Min, é necessário elevar as exigências de capital para os bancos nas operações de financiamento imobiliário, a fim de evitar uma exposição muito alta ao setor.

Por fim, o diretor-adjunto do FMI sugere uma elevação dos juros básicos da economia, o que ajudaria a conter o crédito.
“É verdade, porém, que em vários casos relevantes no momento, as taxas de juros oficiais têm que continuar baixas para sustentar a recuperação econômica.”

Economistas têm visto risco no Brasil, mas mercado nega
Economistas como o prêmio Nobel Robert Shiller, o profeta da crise americana Nouriel Roubini e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles têm alertado sobre o risco de existência de uma bolha imobiliária no Brasil.

Em entrevsita ao iG, entretanto, Shiller ressaltou que a bolha pode desinchar – ou seja,a pressão sobre os preços poderia diminuir gradualmente, sem grandes impactos – e que mesmo um estouro teria consequências menores no Brasil.

O mercado imobiliário e o próprio Banco Central, por outro lado, têm negado risco de bolha imobiliária no País.

“As ferramentas para conter os preços da habitação ainda estão sendo desenvolvidas, mas isso não é desculpa para a inércia. Os preços das casas em muito países continuam muito acima da média histórica”, disse o diretor adjunto do FMI, Min Zhu.

A advertência foi feita em discurso, na semana passada, no Bundesbank (o Banco Central alemão), publicado agora pelo FMI em seu portal na internet.

Para a organização, o aumento do preço das casas a partir de níveis já elevados representa uma das maiores ameaças à estabilidade da economia global.

“A habitação é um setor essencial da economia, contudo, também é uma fonte de vulnerabilidades e crises. Portanto, ainda que a recente recuperação dos mercados imobiliários seja um bom passo, devemos permanecer atentos para evitar um novo boom insustentável”, observou Min Zhu.

Segundo dados do FMI, o preço das habitações tem crescido mais rapidamente em mercados emergentes. São citados como exemplos os casos das Filipinas (com aumentos de 10% em relação ao ano anterior), da China (9%) e do Brasil (7%).

Com a recessão global, os bancos centrais reduziram as taxas de juro para mínimos históricos, o que elevou os preços das casas para níveis que, segundo o FMI, representam risco significativo para economias tão distintas como as de Hong Kong ou de Israel.

Os preços das habitações estão também acima da sua média histórica em países como a Austrália, Bélgica, o Canadá, Reino Unido, a Noruega e Suécia.

Nos países do Sul da Europa mais afetados pela crise verifica-se o cenário contrário: ou seja, queda no preço das habitações.

Por Vitor Sorano – iG São Paulo.

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